sexta-feira, 11 de abril de 2008



A Companhia VIGOR MORTIS merece há muito uma tese acadêmica por sua inovação. Já misturou teatro e quadrinhos, teatro e cinema, teatro e teatro, sempre exercitando o que, ao fim e ao cabo, independente da temática, interessa -linguagem. Já assisti a Morgue Story, Snuff Games, Graffics e, ontem mesmo, a GAROTAS VAMPIRAS NUNCA BEBEM VINHO. Pus-me a escrever sobre essa peça porque precisava, há algum tempo, falar sobre esse grupo. E, de quebra (mas não só por isso), tive como “colega” de platéia o aclamado ator e diretor Antônio Abujamra.
Creio que, nesta peça, o diretor Paulo Biscaia Filho atingiu um ponto inusitadissimo – conseguiu que a mistura da linguagem teatral e cinematográfica, que tanto sempre almejou, se desse ao extremo. Se em Morgue Story (aclamada com o Gralha de 2004) juntou teatro, vídeo e quadrinhos, em Snuff Games, a estética dos games com teatro, e em Graffics novamente quadrinhos com vídeo e teatro, agora Biscaia conseguiu que, ao interpretar teatralmente a peça, a personagem principal se misturasse aos vídeos, necessitando repetir no palco as “coreografias” projetadas na tela vazada. Interessante notar que, desta feita, a voz teatral se amplifica com microfone, ao contrário da outras peças, agora recurso que nivela atriz e vídeos de forma uniforme.
Não sei aqui resumir a história, sou péssimo pra isso, mas tento externar minha emoção ao ver linguagens sendo exercitadas de forma tão “maéstrica”, o que determina que o diretor e atores têm perfeito domínio sobre seu ofício. Michelle Pucci, por exemplo, poderia perfeitamente substituir as chatérrimas apresentadoras de telejornais, tão natural está no papel de “padrão globo de qualidade”. Mariana Zanette, que acostumada está a dialogar com vídeos, saiu-se muito bem nas já citadas interações com a tela. E falar do senhor das minúsculas e perfeitas e divertidas atuações, leandrodanielcolombo, é algo fora da minha parca vocação de resenhista. Mas não só de linguagem se vive. E a temática? Ora, ela se mistura à linguagem, é coadjuvante às vezes, protagonista outras tantas. Se foi insuficiente meu textinho para entender uma ou outra, ou ambas, o Mini-Guaíra está ali no lugar de sempre, levando a peça hoje, sábado dia 12 e amanhã domingo, e no próximo final de semana. E agora vou ler de novo Drácula de Stocker, assistir à Nosferatu do Lugosi, porque o pop GAROTAS VAMPIRAS NUNCA BEBEM VINHO está, no meu imaginário, ao nível deles.

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