terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nossa Sra. da Luz dos Pinhais

Curitiba, vem cá pra uma conversa:
hoje é dia da tua padroeira,
por isso tenho que encontrar a melhor
maneira
de te dizer umas verdades:
bem...
Te amo, sua filha da puta!
Tu és a sereia do meu
sangue...
Não é porque vegetas anêmica sem um mar
ou sem um mangue
que vou deixar
de te achar
toda beat!!!
Em ti é que jorra minha
egotrip, em ti
é que, lúcido ou
alienado,
desfilo meus passos
cheios de estilo.
São teus os
mamilos do meu
desvirginamento
a cada idéia ou cada
tormento.
“Impávida colossa”
ou perdidinha provinciana, me
ensinas que um ser é
ser e nada em
qualquer parada,
mesmo que essa parada seja
tu, sua puta
degenerada.
Sim, és uma puta, uma vadia,
que se dá toda aos endinheirados e deixas
os pobres na mão.
Puta desgraçada... eu te quero e te tenho
porque tenho algum tostão! Assim,
posso te frequentar
escolas e bares ou
museus e solares, e tu
te abres toda,
regozija-se e diz
“me foda”.
Sou um ser e sou um
nada,
mas em ti
minha parada
tem sido bem digesta,
imagine, posso até
fazer festa...
Curitiba, Curitiba...
o que queres hoje
do teu poeta?
Queres um agrado, queres
meu falo que sempre
te penetra?
Ahhh... Sua puta...
Me deixas louco com tua beleza,
fico-me sentindo uma
realeza
a cada passo que dou no
teu solo-Império...
Ah, louca,
ainda hei de descortinar teu
maior mistério...
não me contas qual é,
guarda-o em segredo...
Guria pedante, metida a
moderna...
Cidade modelo e manequim,
cheia de lambrequim...
Mas em alguns momentos,
acho-te uma baderna...
Querida, chega de papo que
hoje é dia de festejo.
Tem gente na catedral,
tem quem faça arraial...
E olha, não vou falar de pinhão,
por favor não peças isso...
sou poeta maldito,
o que vou dizer na minha tribo
se algum acadêmico decrépito
vier me comparar ao tal Emiliano?
Não, por favor...
Desses que hoje
moram em
outro plano, fico com o
Paulo:
“Conheço esta cidade
como a palma da minha pica.
Sei onde o palácio,
sei onde a fonte fica...”
Vai, sua puta,
vai me achar na esquina
pra entender
o quê te/me significa!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

grande pátria...


desimportante, em nenhum instante eu vou te trair...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

repostagem urgente.

Resisti o quanto pude. Mas a dor da criação me impunha impulsionar a mera caneta barata no papel sem luz nem um teclado a comandá-lo. Qualquer erro, minha função "delete" será um risco por sobre a palavra errada. Fico aqui pensando no quão chato será depois digitar este texto. E torço para que ele muito não se estenda. Mas seria isso possível? É possível controlar o desejo de se perder em qualquer noite já perdida dentro de qualquer bar, qualquer antro, qualquer canto cheio de (des)encanto? Os olhos que perscrutam outros olhos embaçados, outros olhos perdidos, outros olhos sem função... O pulsar, o emitir, transgredir a fo(ô)rma de qualquer respiro sincopado... Sinopses de absurdos que brotam de argumentos tolos, arremedos de frases que se querem criativas mas não abandonam a origem obsoleta. Vai, caneta, vai. Tece a teia do enredo tosco, do regurgitar de vacuidades vocabulares. O mundo aí, em guerra e fome, e eu aqui, querendo que um poema um dia semeie a tempestade do amor à arte. A política em crise, a economia em crise, o homem em crise, e eu aqui. Estarei eu aqui em crise? Ou apenas derrubo o muro da paralisia para bem depor um sentimento roubado da minha própria alma encharcada de tédio? O quê vitamina a força do fraco? O quê enfraquece o eterno forte? Palavra e sorte, campo de flores amarelas que exalam um "perfume" podre, de carniça. Que flores são essas? Que cheiro é esse? Onde foram parar os jardins infantes que decoravam quadros e lembranças? Apetrechos ignóbeis, heranças vacilantes. Os sábios não querem mais participar da transformação, hoje quem assume o poder são os pústulas. Meus amigos finalmente assumiram o poder. E se tornaram inimigos, assumiram o tom de farinha azeda do mesmo saco. Vai, caneta, vai. Diga a que veio, preencha essas linhas de caderno barato. Caneta barata. Nem. Caneta brinde. Brindemos ao não. Brindemos ao nada. Brindemos ao mesmo. Brindemos ao sempre. A escória perdida, sem chegada, sem nem ponto de partida. As janelas virtuais pigmentadas por luz vomitando as escrotices de linguagem pútreda. O Brasil (inter)ligado na mesma cagação. E eu aqui. Interrompo meu quase dormir porque a caneta brinde me chamou. Chatuca. Agora tenho que ficar aqui, brincando de nada, em nada, pra nada. Um lapso, um flerte, um interregno dentro do cotidiano de cada ano. E vem ano, e se foram anos. 23horas25minutos. Há um livro na cabeceira. Há um travesseiro e uma coberta. E há o dia seguinte, que já já vai invadir meu mundo. Os passarinhos começarão a sinfonia do amanhecer. (Puta merda, esse clichê me doeu, mas não pude evitar). E a brisa orvalhada da manhã trará um novo respirar. (E o pior é que tem gente que escreve textos e textos só calcados nesses clichezões). Sim, e eu, não seria uma construção genética de clichês? Clichês incrustrados nas células, no DNA? Clichês sincré(ô)t(n)icos da psicosociologia humana? Vai-te, chato. Melhor mesmo pegar o livrinho - outro amontoado de clichês - e calar-te. E amanhã a grita continuará sendo pela mudança do modelo econômico e pelo excesso de desemprego Vai-te, chato. Cala-te e deita-te.

by bettega, uma noite aí...