sábado, 27 de fevereiro de 2010

O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse
novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele
não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas,estrofes de
7 versos:


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bobão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM



Salvador, 16 de janeiro de 2010.



* * *



Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o
cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e
preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros,
da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para
evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e
Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em
dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com
mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à
Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários
títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas,
xotes e baiões.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cansei de entupir canos
de tanto entrei por eles
exauri meus planos
de te criar por mim quereres
pois queres coisas que não tenho
vá então procurá-las em outros seres
mas te digo, em mim detenho
valores mui perenes
tipo poesia e amor
meus saborosos entes
numa vida cheia de frescor.


cláudio bettega, em 26.02.2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quero um ar
um armistício
quero um par
um parricídio final
não quero mais
quebrar esquinas embriagadas
pelos goles de bílis,
não quero mais me molhar
da chuva despejada
por nuvens cheias de azia, não
quero ser levado pela
ventania
não quero espremer os
bagaços nem sustentar
cagaços
preciso da coragem
não de voragem poluída
suicida -
quero amor,
não quero rancor.


cláudio bettega, em 24.02.2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma refor...

...ma política é urgente. Pelo PSDB, um senador com ainda quatro anos de mandato e um prefeito eleito em 2008 pleiteavam candidatura ao governo do Paraná. Como todos sabiam, Beto Richa, o prefeito da capital Curitiba, foi o indicado. E agora, o senador Álvaro Dias vai apoiar o irmão, Osmar Dias, de outro partido...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Couve, repolho, nabo, beterraba,
alho poró, cenoura, cebolinha,
radiche e acelga, brócolis, cará,
baião de dois, também feijão com arroz.


Tomate, ervilha, aspargo, moranguinha,
milho, lentilha, aipim ou macaxeira,
jiló, pepino, rúcula e maxixe,
e um grão de bico, grosso, em prato cheio.


E pimentão e quiabo e couve-flor
com agrião, chuchu mais o espinafre
e a berinjela, a salsa, a alcachofra.


Só por sair do mundo vegetal,
um animal, aqui, assume o posto
alce e alface se acham face à face.

Navarro. (http://www.duanavarro.zip.net/)


maminha, picanha, alcatra
xixo, costela, carneiro
coração, franguinho, porcada
sou carne e sou brasileiro


abacaxi, tender, cupim
linguiça sem trema da nova norma
queijinho assado pra mim
mesmo que me tire da forma

rodízio vindo do sul
mais um chimarrão digestivo
me mantém o corpo festivo


soneto sem métrica aqui
mas depondo meu amor
ao churrasco cheio de sabor

cláudio bettega

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

meneios de cabeça
volveres sábios
devaneios lacrimosos
lábios escarlate

gostosos
nuvens de natas de
um bolo céu de chocolate
beijo doce que me
alucina
pulos na piscina
uma noite de neblina
e suores de frio
ela no cio
sustento meu brio
esquentamos a água
transbordamos a mágica
amamos a nobre prática




cláudio bettega, em 09.02.2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

para minha mãe

meu futuro
está escrito
em português inglês
sânscrito em
um grito perdido
no infinito

é obscuro
mas espero
puro
inscrito
na beleza da fina flor
da natureza
cheio de poesia bossas
fossas
pirraças
graças

mesmo que
morando em
palhoça
quero continuar
me doando
à linguagem
inútil
nada fútil
da descoberta
da palavra
aberta
esperta
coberta
de cerejas

paro por aqui,
licença,
ainda tenho que tomar
duas cervejas,
não quero fazer isso
na sua
presença.



by cláudio bettega, em 17.03.2009