quarta-feira, 30 de abril de 2008

Ah, poeta!
de que vale ser
poeta num
mundo cheio de pessoas
com alma que
apenas
escorre pelas
frestas
do pavor
pelo vulto
insepulto
do perdido vácuo
em constante inércia...
Ah, poeta!
o que queres
fazer com tua
poesia
se só te
defrontas com a
realidade vazia
da ignorância mais
crassa
que apenas
embaça
a tua possibilidade
de até mesmo
tirar lucro
a partir de
versos que chamas de
precioso invento
mas ouves quase sempre
ser algo
sem senso...
Ah, poeta!
proclamas tua
benção perdida
pela perdida noite
de mendigos bêbedos
invades os bares
choras todos os
pilares que não
te sustentam
pesado ser de idéias
airadas
que se querem
densas
sedentas
por ser o manifesto
que manifesta
tua dor
escondida
incapaz
de receber
acolhida
em alguma
esquina...
Ah, poeta!
ainda ousas
em momento pedante
achar-te a
cereja do bolo
e não percebes,
errante,
que o bolo
é podre e
tua cereja afunda
na profunda
impureza...
Ah, poeta!
crês que és
elite
do pensamento elaborado
mas és apenas uma
rima em semente
que não germina
e essa realidade
lançada
qual cuspe
à tua cara
nunca termina mas
insistes
na lida...
Ah, poeta!
por que não
desistes???

by cláudio bettega deprimido, em 04/05.08.2005


DOMINGÃO...


Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street

Falar de Tim Burton envolve sempre expressões como "bizarro", "soturno", "universo peculiar". E, de fato, elas são ditas com propriedade quando analisamos a cinematografia deste artista comtemporâneo, sobretudo se dissermos em relação ao "Demonìaco Barbeiro...". Apartado da felicidade por uma condenação injusta, o personagem muito bem criado por Johnny Depp torna-se um ser revoltado, guardando eu seus meandros psicológicos uma dor que se revela em violência, sadismo, indiferença. A fotografia da película é sublime, e o uso do claro/escuro das cores remete à expressão lá de cima, esfera "soturna". Claro, não podemos esquecer que trata-se de um musical, em que as músicas também tem um fraseado todo especial, ou "peculiar", como queiram.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Absurdo (de) Divertido



No delicioso texto de Os Psicólogos Não Choram, Enéas Lour se permite diversas brincadeiras. Brinca com a própria função de dramaturgo, brinca com a psicologia, brinca com os atores - o própio Enéas, Ranieri Gonzáles e Gilda Elisa - em cena (e suas próprias consagrações na profissão), brinca com o teatro do absurdo, brinca com o público. Faz o que exatamente o teatro é para quem nele trabalha: uma divertidíssima brincadeira.
Sem contar a brincadeira com o próprio teatro paranaense e (seu) (sua falta de) público. Afinal os atores estavam em cena para mais uma "pecinha local, em plena sexta-feira e ressaca pós-festival". Deu vontade de assistir à peça em todos os dias, para saber quais as brincadeiras de cada sessão.
Pelo que sei, a temporada terminava domingo passado. Mas cabe mais.

como pelas beiras
o alimento da
minha poesia
das minhas veias
escorre
sangue negro e
gelado
sou apenas
um perdido
um alienado
nutro o amor
bandido
pelo mundo
letrado
mas sou mais um
poeta
sem talento
pouco sei
inventar
aqui neste meu
movimento
acho melhor largar
a caneta
fechar o caderno
e me esconder
em algum
inferno


by cláudio bettega frustrado, em 17.07.2005


segunda-feira, 28 de abril de 2008

HITCHCOCK BLONDE no ACT




Se Terry Johnson, autor contemporâneo que tem produzido muito e ganhado vários prêmios na Inglaterra, dá mostras em seu texto Hitchcock Blonde que é possível pensar a dramaturgia teatral como cinema, Paulo Biscaia não o decepciona na direção. Usando recursos que se tornaram freqüentes em sua companhia Vigor Mortis (como tela vazada para projeção de vídeos que se misturam ao atores no palco), desta feita foi além e produziu um espetáculo que pode ser visto em planos diferentes de linguagem, exibindo os atores em palco como se estivessem realmente na tela de cinema.
Assisti à peça como se estivesse filmando os acontecimentos com meus olhos, já que a dinâmica de cena e a agilidade dos cortes na direção se uniram a um texto muito afeito a estas possibilidades. Interessante que, ao mesmo tempo em que vemos atuação cinematográfica e recursos de vídeo, o próprio texto fala sobre cinema, retratando uma perfeita metalinguagem.
O universo de Hitchcock emerge da história quando suas idiossincrasias de diretor perfeccionista e ao mesmo tempo reprimido em relação às emoções são revisitadas. E isso se dá tanto na narrativa em que um professor de cinema e sua aluna pesquisam rolos antigos de filmes quanto na própria interação de Alfred com uma pretendente à diva/atriz.
Interpretado por Édson Bueno, o professor de cinema Alex tem uma tara por sua aluna Nicola (Rafaella Marques) e deixa isso claro a ela, resultando daí relação mais que profissional entre ambos. Já Hitchcock (Chico Nogueira), reprime ao máximo seus desejos pela sua diva Blonde (Michelle Pucci , linda em cena), substituindo interesse carnal pelo máximo de apuro técnico em seus estudos.
Os diálogos passeiam por várias questões ligadas à essa repressão, cabendo a Nicola tergiversar sobre o que realmente importa, se a relação carnal e emocional ou apenas a existência intelectual, e se ambas não poderiam caminhar juntas. Ao mesmo tempo em que cede ao seu professor, discute com ele intelectualmente. Mas o que realmente lhe interessa é a emoção. Já o professor, embora tenha investido em sua aluninha e atingido o intento, tem muita curiosidade intelectual e quase segue os passos de Hitchcock para esquecer-se dos desejos e dedicar-se totalmente ao cinema.
A relação entre o mestre do suspense e sua atriz transcorre numa tensão extremamente delicada, em que Blonde se revela sensual e provocativa para Hitchcock empreender seus estudos fílmicos de luz, planos, análise de atuação etc, e o diretor, na dele (!), frio e sublimador.
A cena final, que o leitor pode conferir quando for ao ACT, simboliza e dá fechamento a toda essa riqueza de discussões.



HITCHCOK BLONDE
Quinta a domingo, 21 horas, mais esta semana, no ACT.

sábado, 26 de abril de 2008

Achei no...

... blog do Solda esse casal de atleticanos. Devem estar se anestesiando antes do atletiba para encarar a mágoa...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

I want a great piece
of happiness
that makes the world
funny.
I want a great piece
of truth
that shows me
the right way.
and then,
when my spirit
is flying,
I just want a small piece
of love.


by cláudio bettega, um dia aí...
Quero ser um poeta tão filho da puta
mas tão filho da puta
que ache rimas perdidas
até em uma perdida
gruta
puta poeta filho da puta que
eu vou ser
acharei versos jogados
em qualquer entardecer
Mas o que vai mesmo me diferenciar
nesse mundo poético do criar
é uma rima ducaralho
que eu vou inventar
afinal qualquer poeta
em seu momento sublime de esteta
já escreveu um poema sensível e bonito
e ali rimou, cheio de faniquito,
“amor” com “dor”
O que eu quero é,
num momento de epifania,
escrever um poema esquisito
e nele rimar, com sabedoria,
“feijão” com “doce-de-leite”


by cRáudio bettega, em 21.07.2005

quarta-feira, 16 de abril de 2008

estou na lan
pensando no amanhã...

peraí crláudio, você já fez essa porra de rima antes

oH, so sorry
de vovo, como diz minha sobrinha-afilhada de quase trê anos!

estou aqui, no teclado,
tec tec
enquanto minha coluna faz
crec crec

crááááááudiuuuuu, você já fez essa rima
no seu antigo blog
chfbinconcert


ééééé?


ééééé... :(


então tá, não vou rimar fácil...
tô aqui só
pra dizer
que essa vida é difícil
de fuder...


rimou fácil, bró... mas não tenho
como desdizer...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Quero tua saliva
ativa
se misturando
à minha saliva
teu peito
em flor
encostado
a meu peito
Quero teu ácido
fervente
envolvendo
meu falo quente
teu cabelo
perfumado
escorrendo pelo
meu rosto suado
Quero teu gemido
ecoando
meu gemido
teu sentido
de prazer
num espasmo
desoprimido
Quero teu corpo
se fundindo
a meu corpo
no momento
do nosso orgasmo


by cláudio bettega safardana, em 10.01.2007


sexta-feira, 11 de abril de 2008



A Companhia VIGOR MORTIS merece há muito uma tese acadêmica por sua inovação. Já misturou teatro e quadrinhos, teatro e cinema, teatro e teatro, sempre exercitando o que, ao fim e ao cabo, independente da temática, interessa -linguagem. Já assisti a Morgue Story, Snuff Games, Graffics e, ontem mesmo, a GAROTAS VAMPIRAS NUNCA BEBEM VINHO. Pus-me a escrever sobre essa peça porque precisava, há algum tempo, falar sobre esse grupo. E, de quebra (mas não só por isso), tive como “colega” de platéia o aclamado ator e diretor Antônio Abujamra.
Creio que, nesta peça, o diretor Paulo Biscaia Filho atingiu um ponto inusitadissimo – conseguiu que a mistura da linguagem teatral e cinematográfica, que tanto sempre almejou, se desse ao extremo. Se em Morgue Story (aclamada com o Gralha de 2004) juntou teatro, vídeo e quadrinhos, em Snuff Games, a estética dos games com teatro, e em Graffics novamente quadrinhos com vídeo e teatro, agora Biscaia conseguiu que, ao interpretar teatralmente a peça, a personagem principal se misturasse aos vídeos, necessitando repetir no palco as “coreografias” projetadas na tela vazada. Interessante notar que, desta feita, a voz teatral se amplifica com microfone, ao contrário da outras peças, agora recurso que nivela atriz e vídeos de forma uniforme.
Não sei aqui resumir a história, sou péssimo pra isso, mas tento externar minha emoção ao ver linguagens sendo exercitadas de forma tão “maéstrica”, o que determina que o diretor e atores têm perfeito domínio sobre seu ofício. Michelle Pucci, por exemplo, poderia perfeitamente substituir as chatérrimas apresentadoras de telejornais, tão natural está no papel de “padrão globo de qualidade”. Mariana Zanette, que acostumada está a dialogar com vídeos, saiu-se muito bem nas já citadas interações com a tela. E falar do senhor das minúsculas e perfeitas e divertidas atuações, leandrodanielcolombo, é algo fora da minha parca vocação de resenhista. Mas não só de linguagem se vive. E a temática? Ora, ela se mistura à linguagem, é coadjuvante às vezes, protagonista outras tantas. Se foi insuficiente meu textinho para entender uma ou outra, ou ambas, o Mini-Guaíra está ali no lugar de sempre, levando a peça hoje, sábado dia 12 e amanhã domingo, e no próximo final de semana. E agora vou ler de novo Drácula de Stocker, assistir à Nosferatu do Lugosi, porque o pop GAROTAS VAMPIRAS NUNCA BEBEM VINHO está, no meu imaginário, ao nível deles.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

querida paty!!

sábado foi aniversário da minha querida amiga Patrícia Duarte. na sexta, comemoramos na aoca, quando escrevi esse poema. parabéns de novo, Paty Bela!!!!



Patrícia
maquinaímica carícia
aos olhos
ouvidos
ou quaisquer
gemidos
de um
homem canibal
grito fatal
de beleza
que sua natureza
faça muitos
aniversários
direitos ou
contrários
à lei
às leis
sua harmonia
sinfonia
sempre terá
vez
no meu coração
beijão!!!

terça-feira, 8 de abril de 2008

poeta revolto

Esgarçado em sustenido o som da última poesia que verti da minha alma vadia da minha cabeça vazia na última manhã fria com rima vértice corpo débil senso estéril mãe que embala o berço do perdido poeta torto morto grosso sem viés de poeta composto avassalado avacalhado pela ignorância forte protuberância de engodo roto rés do chão sem quinhão sábio apenas manejo otário repetitivo abusivo chato reprimido comprimido pela banalidade brutal sem força especial


by cláudio bettega, em tempos idos

terça-feira, 1 de abril de 2008

poema no spa

Dobro o sino
pequenino
sino de
ninguém
Digo amém
para mim mesmo
e tento ir
além
Abro o pranto
desmedido tal
pobre menino
Quebro o
encanto do
sacramento e
me lanço a
voar ao vento
Vôo e vôo
meio perdido
à espera do
meu destino


by cláudio bettega, em 31.03.2008, no spa givita