terça-feira, 23 de março de 2010

festival de curitiba

já assisti às peças música para ninar dinossauros, do bortolotto,e vida, da companhia brasileira de teatro. hoje vou ao guairão ver macbeth. espero que o tal ar condicionado esteja ligado. domingo vejo clarice, e ainda vou rastrear peças do fringe pra ver.

quarta-feira, 17 de março de 2010

glauco

Jornais antigos
despencam em cascata
numa esquina do meu quarto
Notícias internéticas
se picham em minha tela
O Gibi do Glauco de ontem está aqui
em minha mão...
Meu inverno será sem bimbolover,
minha bronha sem a Sônia inflável,
nada de alegria, só mau humor estável...
Como disse meu amigo AlexPieske,
Glauco foi morto por um
Doy Jorge
Vomitem merda agora, advogados!,
porque a Folha está incompleta,
a vida está incompleta, minha adolescência lá atrás
está incompleta.

quinta-feira, 11 de março de 2010

esse calor me arde
quero uma bera gelada
hoje a tarde

cb
não quero esgotar o manancial quero espremer todo o potencial verter rica lavra em pedra especial cometer a arte em atitude visceral quero o lodo quero o ouro todo quero a vida quero o espírito o palco o salto a espuma o corpo em pluma quero o momento a todo momento quero o invento que invento quero a poesia o teatro em todo e qualquer ato




diluo o pensamento digito o movimento progressivo a busca do preciso e do impreciso a construção da desconstrução a edificação da quebra a alteração da regra o regramento da zona a percepção do coma o nascimento do milímetro obtuso do centímetro confuso do metro perfeito do kilometro refeito andanças e danças do corpo teatral meu canal atual poesia e magia


bettega

terça-feira, 9 de março de 2010

acordar para a
realidade
não é meu forte
meu único
suporte
é a poesia
que não me deixa
a vida
vazia
pensar nos problemas
é freqüente
mas resolvê-los
seria luta
inclemente
fico então aqui
nessa letargia
agonia
tentando entender
por que tenho de
sofrer


by cláudio bettega, em 13.10.2006

segunda-feira, 8 de março de 2010

Verdades da minha amiga FRAN LIPINSKI

Porque, quando dois e um forem quatro, tudo desaba.

Verdades não passam de mentiras de pernas longas

- ajustadas em fuso-horário, onde e por que,

no quando-enquanto de uma dimensão sem paralelos.

Verdades pisam em terrenos obscuros

- com chama própria, única e trêmula,

com medo do vento, da água e do chão

Verdades brincam com bonecos na infância. Crescem.

Verdades figuram de independentes, absolutas, nobres.

Verdades alteram-se.

Verdades são conservadoras, no mais incondicional sigilo.

Verdades então brincam com as cercas de uma realidade ilimitada.

Verdades têm muitas mãos e bocas

- não escrevem... nem gritam.

Verdades transfiguram verdades, em eterna disputa.

Verdades atuam no teatro como marionetes,

fazem da vida o seu grande palco, seu estrelato.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse
novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele
não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas,estrofes de
7 versos:


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bobão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM



Salvador, 16 de janeiro de 2010.



* * *



Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o
cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e
preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros,
da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para
evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e
Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em
dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com
mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à
Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários
títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas,
xotes e baiões.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cansei de entupir canos
de tanto entrei por eles
exauri meus planos
de te criar por mim quereres
pois queres coisas que não tenho
vá então procurá-las em outros seres
mas te digo, em mim detenho
valores mui perenes
tipo poesia e amor
meus saborosos entes
numa vida cheia de frescor.


cláudio bettega, em 26.02.2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quero um ar
um armistício
quero um par
um parricídio final
não quero mais
quebrar esquinas embriagadas
pelos goles de bílis,
não quero mais me molhar
da chuva despejada
por nuvens cheias de azia, não
quero ser levado pela
ventania
não quero espremer os
bagaços nem sustentar
cagaços
preciso da coragem
não de voragem poluída
suicida -
quero amor,
não quero rancor.


cláudio bettega, em 24.02.2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma refor...

...ma política é urgente. Pelo PSDB, um senador com ainda quatro anos de mandato e um prefeito eleito em 2008 pleiteavam candidatura ao governo do Paraná. Como todos sabiam, Beto Richa, o prefeito da capital Curitiba, foi o indicado. E agora, o senador Álvaro Dias vai apoiar o irmão, Osmar Dias, de outro partido...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Couve, repolho, nabo, beterraba,
alho poró, cenoura, cebolinha,
radiche e acelga, brócolis, cará,
baião de dois, também feijão com arroz.


Tomate, ervilha, aspargo, moranguinha,
milho, lentilha, aipim ou macaxeira,
jiló, pepino, rúcula e maxixe,
e um grão de bico, grosso, em prato cheio.


E pimentão e quiabo e couve-flor
com agrião, chuchu mais o espinafre
e a berinjela, a salsa, a alcachofra.


Só por sair do mundo vegetal,
um animal, aqui, assume o posto
alce e alface se acham face à face.

Navarro. (http://www.duanavarro.zip.net/)


maminha, picanha, alcatra
xixo, costela, carneiro
coração, franguinho, porcada
sou carne e sou brasileiro


abacaxi, tender, cupim
linguiça sem trema da nova norma
queijinho assado pra mim
mesmo que me tire da forma

rodízio vindo do sul
mais um chimarrão digestivo
me mantém o corpo festivo


soneto sem métrica aqui
mas depondo meu amor
ao churrasco cheio de sabor

cláudio bettega

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

meneios de cabeça
volveres sábios
devaneios lacrimosos
lábios escarlate

gostosos
nuvens de natas de
um bolo céu de chocolate
beijo doce que me
alucina
pulos na piscina
uma noite de neblina
e suores de frio
ela no cio
sustento meu brio
esquentamos a água
transbordamos a mágica
amamos a nobre prática




cláudio bettega, em 09.02.2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

para minha mãe

meu futuro
está escrito
em português inglês
sânscrito em
um grito perdido
no infinito

é obscuro
mas espero
puro
inscrito
na beleza da fina flor
da natureza
cheio de poesia bossas
fossas
pirraças
graças

mesmo que
morando em
palhoça
quero continuar
me doando
à linguagem
inútil
nada fútil
da descoberta
da palavra
aberta
esperta
coberta
de cerejas

paro por aqui,
licença,
ainda tenho que tomar
duas cervejas,
não quero fazer isso
na sua
presença.



by cláudio bettega, em 17.03.2009

domingo, 24 de janeiro de 2010

meu amigo poeta júlio almada pede uma força

Peço que por gentileza me ajudem a divulgar a vakinha:Sofri um acidente retornando de um evento na madrugada do dia 04/01 e passei por uma cirurgia do úmero fraturado em três partes:isso me impedirá de cumprir certos compomissos imediatos, causando dificuldades. Enviarei um livro poemas mal_ditos por e-mail para todos que contribuirem! Um Grande Abraço, Julio AlmadaPara Ler na Íntegra e Contribuir: www.beira-do-caminho.blogspot.com
descubro tua úmida gruta coberta de pêlos

mordo inebriado as bordas em relevo

minha língua penetra tua cavidade ácida

quero-te latejante a receber minha prática

agora preparo a arma principal

que direciono para o deleite total

monto sedento por sobre o triângulo

e berro o êxtase a cada estocada

meu véu abdominal roça a pele tenra

o tesão se faz louco, te deixa mais atirada

pedes mais e me engoles a orelha

me sugas a língua e me fortaleces o desejo

ofertamo-nos créditos para novo excitante ensejo


by bettega, em 09.08.2007

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

(n)este ano vou fazer valer a pena.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Me perdi desde a
última geada
preciso de um gole de
uma cerveja gelada
Pra sarar de
qualquer mal
só mesmo
injeção letal
pra estancar
qualquer vício
só mesmo
fosse no início
Quero beijar
os ratos do
aterro do lixo
quero apurar os
fatos que
me jogaram no abismo
Persigo tanto a
saída que
caio num pranto
sem medida
Encharco a alma de
espera e não suporto
qualquer quimera
Me arrasto pelas
veias da cidade e
não consigo encontrar claridade.
Só uma coisa me mantém vivo:
o amor pela
Bicicleta Patafísica
que eu não ganhei
quando menino.



claudio bettega, em 19.10.2009, para a peça
"como fugir de mim se só tenho saídas para dentro"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Que a Bicicleta Patafísica
com plena força nos pedais
para longe leve meus ais
e assim me deixe bem comigo.

Que a Bicicleta Patafísica
levando embora meus fantasmas
torne pelo mesmo caminho
trazendo-me a figura amada.

Que a Bicicleta Patafísica
correndo por dentro de um palco
em meio às gentes do bulício
agregue valor à nossa arte.

Ah, a Bicicleta Patafísica
costura verdades no teatro
e vem se esconder na poesia
após de roubar da velha o arco.


Navarro, o Dua. (http://duanavarro.zip.net/) - 10.12.2009




Patafísica a Bicicleta
que carrega meus sonhos teatrais
e não monta mais rápido
nem com duas rodas a mais.

Patafísica a amizade
que me une ao irmão Navarro
e a todo o elenco buliçoso
quando no palco controlamos o pigarro.

Patafísica a pipoca
que, no meio de sua massaroca,
esconde um filhote de sonhos
pra estancar sonhos medonhos.

Patafísica, enfim, nossa vida,
quando subimos no palco
como um coro de bêbados felizes
e fazemos do teatro nossa arte e lida.


cláudio bettega, 10.12.2009

pichação

sou ator
sou gente
sou o sol do
próximo poente

sou geral
sou dor
sou felicidade
e sou carente

sou belo
sou feio
pra curar a vida
só o amor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

hoje é dia de estréia,
dia de alegria;
à noite nos fartaremos
da mais nobre ceia:
muito teatro na veia
nesse nosso mundo de alegorias.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

momento wando

Meu olhos derramam
lágrimas
de paixão
Minhas lágrimas
derramam lágrimas
de tesão
Meu corpo treme
geme
te sente
se sente
me sente
Meu latejo
espasmo
felicidade
Meu mel
amor
orgasmo


by cláudio bettega, em 01.12.2009

domingo, 29 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

eu ando eu corro eu canto a qualquer hora eu canto agora eu vou embora eu volto eu sinto não minto pressinto quero o céu o véu o instinto espasmos de um perdido de um menino sem destino te quero te venero em qualquer era não me dói a espera

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

cai a lágrima do abandono
fujo de mim mesmo
cachorro sem dono

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Patafísica

A patafísica é a ciência das soluções imaginárias criada pelo dramaturgo francês Alfred Jarry, escritor, morto em 1907, autor de obras como "Ubu Rei" e "Dr Faustroll".A patafísica teria por missão explorar os campos negligenciados pela física e metafísica - para esta "ciência" só o absurdo tem espaço, o que torna premente buscar o absurdo do absurdo. Segundo Jarry, a 'patafísica estaria para a metafísica como esta para a física ordinária'. O grupo original de patafísicos reunia o barão Mollet (amigo de Jarry e de Guillaume Apollinaire), Michel Leiris, Eugène Ionesco, Pascal Pia e Jacques Prévert.Micro biografia de Alfred JarryEntre 1885 e 1888 ele já compõe comédias em verso e em prosa. Inspirado no sr. Hébert, seu professor de física e a encarnação de "todo o grotesco que existe no mundo", Jarry escreve uma comédia, Les Polonais, a versão mais antiga do Ubu rei.Em 1891-1892 ele é aluno de Bergson.Em 1894 apresenta Ubu rei na casa do casal Alfred (diretor do Mercure de France) e Rachilde Valette. A peça é considerada a primeira obra do teatro do absurdo, além de ser uma influência incontestável ao surrealismo, ao dadaísmo e a outras vanguardas artísticas do século XX. Vale lembrar que o teatro fundado por Artaud (juntamente a Roger Vitrac, após a expulsão deles, em 1926, do grupo de Breton, por ocasião da adesão do movimento surrealista ao Partido Comunista) se chama Teatro Alfred Jarry.Em 10 de Dezembro de 1896 ocorre a tumultuada estréia de Ubu rei. As montagens das peças de Jarry se seguem, seguindo o fio dos ciclos de Ubu.Em 1896 ele compra uma bicicleta (novidade na época). Em vão o vendedor tenta fazer com que Jarry o pague.Escreve uma obra curiosa, Gestes et opinions du docteur Faustroll, pataphysicien, publicada postumamente, na qual expõe a patafísica


A bicicleta patafísica



Que país! Há depravados que cheiram o selim da Bicicleta Patafísica (BP).


A BP não acreditou na metempsicose, nem no tempo em que ela era crocodilo.


A BP não roda para salvar o universo nem para curar os humanos.


A BP (mesmo que analisemos os paradoxos de Zenão) não gosta de camembert ao molho de Chanel nº 5.


A BP dança sem sapatilhas sobre o lago dos cisnes.


A BP, quando se cansa de correr, vira poste de luz.


A BP não pára quieta em cima de um balanço.


A BP pode ganhar o Tour de France, mas sempre recusou o Pulitzer.


A BP desliza na superfície do mar, incapaz de mergulhos submarinos.


A falsa BP é imediatamente desmascarada quando joga xadrez.


Mas como é que fomos cair nessa de mumificar os faraós sem as suas BPs?


Entre BPs, nem violação nem estupro.


Quantas coisas aprende o sexólogo quando fala de sexo à BP.


A BP contactou a tuberculose, se bem que ela não almoça com a dama das camélias nem toma chá com Chopin.


A BP para cuidar dos pulmões fuma cigarros antibióticos.


A BP é tão filósofa que a gente de seu país a recebe de costas, salvo os contorcionistas.


A BP, ao contemplar as formigas, tão matinais e diligentes, se recorda com nostalgia das de seu país, que acordam às 11 horas, mas atrasadas.


A BP é um monge trapista loquaz do silêncio falado, longe de Wittgenstein (µº & º {º}).A BP, em seu país, teria sido um bufão como os outros; no exílio, ela é rainha sem bufões mas com deuses dançarinos.


Se Freud tivesse conhecido a BP ele nos teria poupado o divã.


A BP sonha correr com as estrelas nas estrelas.


A BP deu à luz gêmeos num tricíclo.


A BP, que não crê na gravitação, se esborrachou.


A BP não traz nenhuma mensagem.


Ela deixa esta tarefa subalterna às outras bicicletas e aos servidores.


A BP espalha suas benfeitorias graças ao cocô de cavalo que ela defeca.


A BP não monta mais rápido nem com duas rodas a mais.


A BP lésbica chama atenção, mas não a azul.


A BP faz bem de não ter filhos. Ela os esqueceria sobre o guidão quando precisasse correr na Atlântida.


Malditos eutanasistas! A velha BP teme que o mecânico não venha consertá-la, mas enviá-la à caça.


Se a BP não existisse ela não seria menos admirada por seu "pedalador".


A BP, graças à sua reputação anti-nacionalista sem fronteiras, evita fingir patriotismo aquém de suas fronteiras.


Quando a BP se exilou, muitas pessoas e coisas morreram. Meio século depois, começamos a enterrá-las.


A BP tem uma tal consciência revolucionária que ela não sabe se deve fazer greve de fome ou de caviar.


A BP ciumenta pode se casar com um triciclo fiel. Mas sem emoção.


A BP faz desenhos pornôs em braile com legendas em volapük para velocípedes cegos.


A BP organizou um congresso sobre a memória. Convidada de honra: a bicicleta-em-pânico.


(Fernando Arrabal - Tradução de Arnaldo Block)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Desligo-me do real, busco agora o que há de fantasia no mais recôndito compartimento mental. Quero a alegoria, quero a alegria, quero a não-dor a todo custo, quero esquecer o passado torpe. Penso num gesto teatral, numa performance de movimentos e palavras em língua estranha - isso, o estranhamento, o absurdo, a desconstrução. Criar o não descritível, criar o total inaudito, criar o que pode ser feito a partir do nada, ou apenas a partir de mim mesmo, mas sem referências prévias. Criar o que o corpo e o espírito determinam. A essência do ser em busca do movimento único, que só ele pode determinar, que só o seu eu pode determinar. O indivíduo na esfera do nascimento da ação, do nascimento da inédita encenação. Fortes ou opacos, os movimentos nascem e querem cor e brandura, querem equilíbrio na sua desenvoltura. Força teatral, força da arte em estado total, anêmicos ventos de derrota se foram, vivem agora apenas flores e gestos que apaixonam.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

salve professores!!!!!!


um sol
um brilho
teu corpo aqui
meu delírio
meu grito
tesão
o meu corpo
treme
geme
te quer toda
o amor
me arrebata
te rego
com minha nata
num movimento
nervoso
juntos somos tudo
de gostoso



by cláudio bettega, em 14.07.2005

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

homenagem aos quarentões nostálgicos

não quero saber de cds downlouds mp3
continuo com meus bolachões e seus bsides
nada de câmeras digitais ao gosto do freguês
curto mesmo películas e meus slides
fora projeções pirotécnicas multimídias
quero estampar transparências na parede
fodam-se blogs e-books portais de notícias
quero livros e jornais sem pensar em rede
fotoshops maquiagens
putas engrenagens
devolvam estrias e celulites
orkuts facebooks
escrotas egotrips
e-mails bye bye
quero escrever cartas
e receber cartões postais

by cláudio bettega, em 07/08.10.2009

do meu amigo fabiano

bettega um ATOR...

de fino trato.
e defino o trato:
o trato é o teatro!
e o teatro é o ator!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Dia 18 passado prestei prova pra tirar registro de ator profissional. Eu e a Lu, minha companheira de cena, fizemos trechos de "Navalhana Carne", drama do Plínio Marcos, e "Uma Noite em Claro", comédia do Artur Azevedo. Ontem saiu o resultado. Passamos. Mais dois atores pra guerrilha da arte nacional!!!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nossa Sra. da Luz dos Pinhais

Curitiba, vem cá pra uma conversa:
hoje é dia da tua padroeira,
por isso tenho que encontrar a melhor
maneira
de te dizer umas verdades:
bem...
Te amo, sua filha da puta!
Tu és a sereia do meu
sangue...
Não é porque vegetas anêmica sem um mar
ou sem um mangue
que vou deixar
de te achar
toda beat!!!
Em ti é que jorra minha
egotrip, em ti
é que, lúcido ou
alienado,
desfilo meus passos
cheios de estilo.
São teus os
mamilos do meu
desvirginamento
a cada idéia ou cada
tormento.
“Impávida colossa”
ou perdidinha provinciana, me
ensinas que um ser é
ser e nada em
qualquer parada,
mesmo que essa parada seja
tu, sua puta
degenerada.
Sim, és uma puta, uma vadia,
que se dá toda aos endinheirados e deixas
os pobres na mão.
Puta desgraçada... eu te quero e te tenho
porque tenho algum tostão! Assim,
posso te frequentar
escolas e bares ou
museus e solares, e tu
te abres toda,
regozija-se e diz
“me foda”.
Sou um ser e sou um
nada,
mas em ti
minha parada
tem sido bem digesta,
imagine, posso até
fazer festa...
Curitiba, Curitiba...
o que queres hoje
do teu poeta?
Queres um agrado, queres
meu falo que sempre
te penetra?
Ahhh... Sua puta...
Me deixas louco com tua beleza,
fico-me sentindo uma
realeza
a cada passo que dou no
teu solo-Império...
Ah, louca,
ainda hei de descortinar teu
maior mistério...
não me contas qual é,
guarda-o em segredo...
Guria pedante, metida a
moderna...
Cidade modelo e manequim,
cheia de lambrequim...
Mas em alguns momentos,
acho-te uma baderna...
Querida, chega de papo que
hoje é dia de festejo.
Tem gente na catedral,
tem quem faça arraial...
E olha, não vou falar de pinhão,
por favor não peças isso...
sou poeta maldito,
o que vou dizer na minha tribo
se algum acadêmico decrépito
vier me comparar ao tal Emiliano?
Não, por favor...
Desses que hoje
moram em
outro plano, fico com o
Paulo:
“Conheço esta cidade
como a palma da minha pica.
Sei onde o palácio,
sei onde a fonte fica...”
Vai, sua puta,
vai me achar na esquina
pra entender
o quê te/me significa!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

grande pátria...


desimportante, em nenhum instante eu vou te trair...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

repostagem urgente.

Resisti o quanto pude. Mas a dor da criação me impunha impulsionar a mera caneta barata no papel sem luz nem um teclado a comandá-lo. Qualquer erro, minha função "delete" será um risco por sobre a palavra errada. Fico aqui pensando no quão chato será depois digitar este texto. E torço para que ele muito não se estenda. Mas seria isso possível? É possível controlar o desejo de se perder em qualquer noite já perdida dentro de qualquer bar, qualquer antro, qualquer canto cheio de (des)encanto? Os olhos que perscrutam outros olhos embaçados, outros olhos perdidos, outros olhos sem função... O pulsar, o emitir, transgredir a fo(ô)rma de qualquer respiro sincopado... Sinopses de absurdos que brotam de argumentos tolos, arremedos de frases que se querem criativas mas não abandonam a origem obsoleta. Vai, caneta, vai. Tece a teia do enredo tosco, do regurgitar de vacuidades vocabulares. O mundo aí, em guerra e fome, e eu aqui, querendo que um poema um dia semeie a tempestade do amor à arte. A política em crise, a economia em crise, o homem em crise, e eu aqui. Estarei eu aqui em crise? Ou apenas derrubo o muro da paralisia para bem depor um sentimento roubado da minha própria alma encharcada de tédio? O quê vitamina a força do fraco? O quê enfraquece o eterno forte? Palavra e sorte, campo de flores amarelas que exalam um "perfume" podre, de carniça. Que flores são essas? Que cheiro é esse? Onde foram parar os jardins infantes que decoravam quadros e lembranças? Apetrechos ignóbeis, heranças vacilantes. Os sábios não querem mais participar da transformação, hoje quem assume o poder são os pústulas. Meus amigos finalmente assumiram o poder. E se tornaram inimigos, assumiram o tom de farinha azeda do mesmo saco. Vai, caneta, vai. Diga a que veio, preencha essas linhas de caderno barato. Caneta barata. Nem. Caneta brinde. Brindemos ao não. Brindemos ao nada. Brindemos ao mesmo. Brindemos ao sempre. A escória perdida, sem chegada, sem nem ponto de partida. As janelas virtuais pigmentadas por luz vomitando as escrotices de linguagem pútreda. O Brasil (inter)ligado na mesma cagação. E eu aqui. Interrompo meu quase dormir porque a caneta brinde me chamou. Chatuca. Agora tenho que ficar aqui, brincando de nada, em nada, pra nada. Um lapso, um flerte, um interregno dentro do cotidiano de cada ano. E vem ano, e se foram anos. 23horas25minutos. Há um livro na cabeceira. Há um travesseiro e uma coberta. E há o dia seguinte, que já já vai invadir meu mundo. Os passarinhos começarão a sinfonia do amanhecer. (Puta merda, esse clichê me doeu, mas não pude evitar). E a brisa orvalhada da manhã trará um novo respirar. (E o pior é que tem gente que escreve textos e textos só calcados nesses clichezões). Sim, e eu, não seria uma construção genética de clichês? Clichês incrustrados nas células, no DNA? Clichês sincré(ô)t(n)icos da psicosociologia humana? Vai-te, chato. Melhor mesmo pegar o livrinho - outro amontoado de clichês - e calar-te. E amanhã a grita continuará sendo pela mudança do modelo econômico e pelo excesso de desemprego Vai-te, chato. Cala-te e deita-te.

by bettega, uma noite aí...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

palavras e rimas repetidas
me mantém
as emoções contidas
quero voltar
a compor versos insalubres
quero o molho apimentado do verso esticado
derramar este inconsciente que se faz presente
nessa nobre canetada
em qualquer próxima rodada
meus olhos se perdem em nuvens de suor/ vapor de calor
não quero repetir a dose da cerveja cara
quero o melhor porre – a poesia rara
a mente em virtude e compasso produtivo
sem nunca julgar o desvario proibido


by bettega, um dia aí...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Texto da querida amiga Alice Springer

O pensamento não "entra", vive-se o pensar. É efêmero ou perene, depende da importância dada por quem pensa. É etéreo, mas pode virar realidade, depende de sua força. Mas dói. Consome. Liberta e aprisiona, pois quem raciocina não consegue viver como os outros, ser feliz com tanta injustiça... às vezes até tenta, mas não consegue se alienar; e sofre. É prisioneiro de sua lógica acutíssima e de seu humor negro. Muitas vezes é um pessimista ao ver dos outros; verdadeiramente, apenas enxerga as coisas de maneira mais clara, vê a verdade "nua e crua" (eu sei, isso é cliché...) e não se ilude. Racionaliza, sempre. Questiona. Insatisfaz-se...No entanto, esse sofrer tem de, no fim, valer à pena... as sementes do pensador hão de um dia florecer.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

a política nacional está me dando azia!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009



Você está com alguma dor? De que tipo? Vamos, diga logo. Diga aonde dói. Não tem coragem? Não mesmo? Pois o pessoal da Súbita Companhia de Teatro tem. E muita coragem, por sinal. Se a dor é só física, eles demonstram. Se é emocional, eles confessam. Seja uma dor repentina ou cotidiana... Em interpretações fortes em momentos intensos e líricos, com textos de criação coletiva durante o processo de montagem da peça, os vários tipos de dor, enfim, são abordados. Os corpos dos atores flutuam em planos altos, médios e baixos, em expressões que chegam até a driblar obstáculos. Tudo pra dizer aquilo que nós todos sentimos e muitos não tem coragem pra externar. Se dói, vou ao shopping, tomo remédios, grito, lamento, suspiro, choro, corro, danço... Porque dói mesmo estar conectado com tudo, o tempo todo. Porque dói viver.
A montagem marcou presença na temporada do Pé no Palco, ano passado, e no Festival de Curitiba , neste ano. Teve tanto gás que foi exibida mais uma vez, até ontem, no Espaço Dois. Só pude ver no sábado. E é ótimo poder ver pessoas queridas ganhando a cena teatral, com talento e muita, muita arte. E já espero nova temporada, pra ver de novo e chorar junto com a coragem de artistas de mostrarem o que muitos querem esconder. Esta, aliás, é uma das muitas funções do teatro.


Diga aonde dói – Súbita Companhia de Teatro

Direção:Maíra Lour
Produção: Daniel Kleiber
Atuação:Sol Faganello
Janaína Matter
Juliana Adur
Alexandre Zampier
Otávio Linhares