quinta-feira, 22 de abril de 2010

me perco na perda,
a perda que me seda;
me escondo no escuro,
o escuro que me cega.

procuro uma fresta
por entre as sedas
dos lençóis da
melancolia,
quero mil passos além
da letargia.

buscando a busca
do futuro,
do porto seguro,
arrasto meu coturno
e suo meu bestunto.

meu corpo,
em mórbida lamúria,
me limita a vida,
seu som e sua fúria.

a voz que me roubo
rouba a cena do apedrejamento,

o punhal com que me firo
há muito me segue em giros,
palavras, muitas vezes,
alvejam como tiros.

o lamento de agora
vai terminando –
o muro já me serviu,
a cabeça já partiu...

resta adormecer as feridas,
sonhar com os anjos,
com as musas,
apagar as pegadas doídas
e, em resfolegares brandos,
expurgar as imagens
confusas.

cb, 23.04.2010

5 comentários:

Cláudio Bettega disse...

madrugada, a data da postagem aparece 22, mas já é sexta 23.

Defesa disse...

Com todo o respeito a sua mãe...
Puta que p...
Incrível, bateu fuuundo.
Bjo
Lu

Rafaelle Benevides disse...

é uma das poesias do seu livro? bjs

Cláudio Bettega disse...

oi, bem vinda. não, os poemas que aqui coloco são recentes. a data ao final é de quando são escritos. volte sempre!

Cria disse...

Grandiosamente belo !