Faça poesia
faça essa arte
seja aqui
ou em marte
produza poemas
cheios de rimas
ricas ou pobres
cheirando a ouro, prata
ou cobre
se preferir
verseje brancamente
o importante
é que você me oriente
pelos veios e veias
desse mundo
através das palavras
e idéias
que eu persiga
e digira
arte encantada
que a inteligência admira
by cláudio bettega, em 26.09.2002
segunda-feira, 22 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Análise do Navarro
POR TRÁS TODO MUNDO É IGUAL
(Análise de Peça do Festival de Teatro de Curitiba – 2009)
Por Trás Todo Mundo é Igual é uma bem humorada atualização de alguns mitos que, desde tempos imemoriais, vêm enlevando os espectadores por este mundo afora. Conforme o prospecto de apresentação, “são onze mitos encenados de acordo com a criatividade dos atores, que tiveram a liberdade para formularem suas cenas. O objetivo foi redimensionar a característica do mito para a existência contemporânea e diária do homem – cada ator pesquisou ao extremo seu mito, tentando avaliar como seria de fato uma figura mítica se comportando como um ser 'normal'.” Os mitos presentes no espetáculo são: Electra, Eros e Psiquê, Prometeu, Ulisses, Orfeu, Ciclope e Cassandra, Narciso, Medusa e, finalmente, Baco.
Eu tive a oportunidade de assistir a este espetáculo duas vezes. A primeira, no final do ano de 2008, quando todas as turmas e grupos oriundos do Pé no Palco apresentam os seus trabalhos na temporada oficial daquela escola de teatro; a segunda, durante o Festival de Teatro de Curitiba, na sua edição de 2009.
O pessoal do grupo TODOMUNDONU, responsável pela montagem da peça esteve impecável, desde a recepção da platéia, em um átrio vazio, com os atores e o público, em roda, cantando o refrão com a letra do título; canto que não deixou de lembrar a mim o coro das antigas representações clássicas; até o final da apresentação, quando os presentes foram brindados com uma porção de um bom vinho tinto, traça de Baco.
A partir do canto inicial, os espectadores foram convidados a um passeio pelos diferentes espaços do Pé no Palco, aonde se desenrolavam as cenas respectivas a cada mito, assim confirmando as palavras da diretora do espaço, Fátima Ortiz, no texto de apresentação: “o trabalho do diretor e atores (...) passeia pelas possibilidades de estabelecimento de cumplicidade com o espectador e este pode mergulhar nas sensações e movimentos sendo ele próprio colocado ao centro da cena”. É deste centro móvel que, quem teve o privilégio de assistir a essa representação teatral, foi, a cada passo, sendo surpreendido pelo inusitado, pelo espanto e pelo estranhamento. Assim, na cena de Eros e Psiquê, que aconteceu no limiar entre o fora e o dentro do teatro. A platéia, acomodada em espaço coberto do teatro, viu a cena que teve seu início no pátio da churrascaria Paiol, a céu aberto, do outro lado da rua. E, depois, a aproximação, a cena acontecendo mais perto, no meio da rua, em meio ao trânsito dos veículos, na rua Conselheiro Dantas, no bairro Rebouças, em Curitiba, e, depois, ainda, na calçada, em frente à porta da garagem, em cujo interior estávamos, atentos, sentados. O passeio continuou, e os presentes viram Prometeu, amigo dos homens e mulheres mortais, revificá-los, tirando-os da sua inércia com o fogo roubado aos deuses; viram um absurdo Odisseu a embriagar-se na sua poltrona, ao lado de um ator pendurado em cordas no limite de passagem entre a pista e o palco, numa alusão ao deus ex machina das antigas tragédias. Subimos as escadas para um segundo pavimento, um mezanino pertencente à estrutura do lugar. E, dali, vimos, por sobre o vão da pista, vazia, embaixo, emoldurada na janela de vidro, acima, na parede do outro lado, a hilária atualização do mito de Narciso, representado pela mesma dupla que fez Eros e Psiquê. Eros, agora Narciso, levado pelo seu ego a experimentar calcinhas femininas, é flagrado pela sua noiva no instante em que vestia essa peça íntima do seu vestuário. A sua reação foi imediata: ao repelir seu companheiro com bolsadas, arrancou os vivos risos da platéia.
Assim durante todo o percurso, em cada passagem uma surpresa, uma emoção diferente. Se, no alto presenciamos o desenrolar do mito de Narciso; do alto vimos, embaixo, Ciclope e Cassandra e os trabalhadores pegando no pesado. Ponto culminante, no meu ponto de vista, foi o convite para espiarmos por uma fresta na parede, as bundas nuas dos atores perfilados. Entre o riso e o espanto, a tirada de conclusão como uma dúvida: por trás todo mundo é igual?
Mais do que a beleza dos movimentos corporais dos atores, o que ficou em meu pensamento foi o movimento das idéias e das formas que, desde os gregos mais antigos, foram perdendo os seu caráter religioso – mitológico – e assumindo a cada vez, o seu caráter de manifestação artística. Assim, o olhar atento do estudante de teatro, acompanha as modificações dos ditirambos e dos cantos fálicos ganhando ares trágicos em Ésquilo, aonde os mitos ainda têm o seu caráter solene; em Sófocles, que atenua o peso dos mitos e os substitui pelo destino inexorável do homem; depois, em Eurípedes que os humaniza totalmente, trazendo a força para o movimento brusco das paixões humanas. Ilustrando, dessa maneira, o conceito de Paideuma, que Leila Perrone-Moysés formula, ao refletir sobre os escritores modernos, desde então, cada autor que lida com os mitos, acrescenta, na sua lida teatral, uma diferença. Quem conta um conto acrescenta um ponto: dos deuses do Olimpo ao homem com os seus sentimentos. Do coro e corifeu para o corpo do ator/atores, até chegar na apresentação pós-moderna (porque fragmentária, com onze mitos numa única apresentação) de Por Trás Todo Mundo é Igual, provando que tais textos, apesar dos séculos que nos separam do tempo em que foram criados, ainda têm alma, ainda estão vivos e são capazes de enlevar os aficcionados por teatro por este mundão de Deus afora.
Viva o teatro! Viva a diferença!
Antônio Eduardo L. NAVARRO Lins.
(Análise de Peça do Festival de Teatro de Curitiba – 2009)
Por Trás Todo Mundo é Igual é uma bem humorada atualização de alguns mitos que, desde tempos imemoriais, vêm enlevando os espectadores por este mundo afora. Conforme o prospecto de apresentação, “são onze mitos encenados de acordo com a criatividade dos atores, que tiveram a liberdade para formularem suas cenas. O objetivo foi redimensionar a característica do mito para a existência contemporânea e diária do homem – cada ator pesquisou ao extremo seu mito, tentando avaliar como seria de fato uma figura mítica se comportando como um ser 'normal'.” Os mitos presentes no espetáculo são: Electra, Eros e Psiquê, Prometeu, Ulisses, Orfeu, Ciclope e Cassandra, Narciso, Medusa e, finalmente, Baco.
Eu tive a oportunidade de assistir a este espetáculo duas vezes. A primeira, no final do ano de 2008, quando todas as turmas e grupos oriundos do Pé no Palco apresentam os seus trabalhos na temporada oficial daquela escola de teatro; a segunda, durante o Festival de Teatro de Curitiba, na sua edição de 2009.
O pessoal do grupo TODOMUNDONU, responsável pela montagem da peça esteve impecável, desde a recepção da platéia, em um átrio vazio, com os atores e o público, em roda, cantando o refrão com a letra do título; canto que não deixou de lembrar a mim o coro das antigas representações clássicas; até o final da apresentação, quando os presentes foram brindados com uma porção de um bom vinho tinto, traça de Baco.
A partir do canto inicial, os espectadores foram convidados a um passeio pelos diferentes espaços do Pé no Palco, aonde se desenrolavam as cenas respectivas a cada mito, assim confirmando as palavras da diretora do espaço, Fátima Ortiz, no texto de apresentação: “o trabalho do diretor e atores (...) passeia pelas possibilidades de estabelecimento de cumplicidade com o espectador e este pode mergulhar nas sensações e movimentos sendo ele próprio colocado ao centro da cena”. É deste centro móvel que, quem teve o privilégio de assistir a essa representação teatral, foi, a cada passo, sendo surpreendido pelo inusitado, pelo espanto e pelo estranhamento. Assim, na cena de Eros e Psiquê, que aconteceu no limiar entre o fora e o dentro do teatro. A platéia, acomodada em espaço coberto do teatro, viu a cena que teve seu início no pátio da churrascaria Paiol, a céu aberto, do outro lado da rua. E, depois, a aproximação, a cena acontecendo mais perto, no meio da rua, em meio ao trânsito dos veículos, na rua Conselheiro Dantas, no bairro Rebouças, em Curitiba, e, depois, ainda, na calçada, em frente à porta da garagem, em cujo interior estávamos, atentos, sentados. O passeio continuou, e os presentes viram Prometeu, amigo dos homens e mulheres mortais, revificá-los, tirando-os da sua inércia com o fogo roubado aos deuses; viram um absurdo Odisseu a embriagar-se na sua poltrona, ao lado de um ator pendurado em cordas no limite de passagem entre a pista e o palco, numa alusão ao deus ex machina das antigas tragédias. Subimos as escadas para um segundo pavimento, um mezanino pertencente à estrutura do lugar. E, dali, vimos, por sobre o vão da pista, vazia, embaixo, emoldurada na janela de vidro, acima, na parede do outro lado, a hilária atualização do mito de Narciso, representado pela mesma dupla que fez Eros e Psiquê. Eros, agora Narciso, levado pelo seu ego a experimentar calcinhas femininas, é flagrado pela sua noiva no instante em que vestia essa peça íntima do seu vestuário. A sua reação foi imediata: ao repelir seu companheiro com bolsadas, arrancou os vivos risos da platéia.
Assim durante todo o percurso, em cada passagem uma surpresa, uma emoção diferente. Se, no alto presenciamos o desenrolar do mito de Narciso; do alto vimos, embaixo, Ciclope e Cassandra e os trabalhadores pegando no pesado. Ponto culminante, no meu ponto de vista, foi o convite para espiarmos por uma fresta na parede, as bundas nuas dos atores perfilados. Entre o riso e o espanto, a tirada de conclusão como uma dúvida: por trás todo mundo é igual?
Mais do que a beleza dos movimentos corporais dos atores, o que ficou em meu pensamento foi o movimento das idéias e das formas que, desde os gregos mais antigos, foram perdendo os seu caráter religioso – mitológico – e assumindo a cada vez, o seu caráter de manifestação artística. Assim, o olhar atento do estudante de teatro, acompanha as modificações dos ditirambos e dos cantos fálicos ganhando ares trágicos em Ésquilo, aonde os mitos ainda têm o seu caráter solene; em Sófocles, que atenua o peso dos mitos e os substitui pelo destino inexorável do homem; depois, em Eurípedes que os humaniza totalmente, trazendo a força para o movimento brusco das paixões humanas. Ilustrando, dessa maneira, o conceito de Paideuma, que Leila Perrone-Moysés formula, ao refletir sobre os escritores modernos, desde então, cada autor que lida com os mitos, acrescenta, na sua lida teatral, uma diferença. Quem conta um conto acrescenta um ponto: dos deuses do Olimpo ao homem com os seus sentimentos. Do coro e corifeu para o corpo do ator/atores, até chegar na apresentação pós-moderna (porque fragmentária, com onze mitos numa única apresentação) de Por Trás Todo Mundo é Igual, provando que tais textos, apesar dos séculos que nos separam do tempo em que foram criados, ainda têm alma, ainda estão vivos e são capazes de enlevar os aficcionados por teatro por este mundão de Deus afora.
Viva o teatro! Viva a diferença!
Antônio Eduardo L. NAVARRO Lins.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
meus sonhos se espalham pelo sono
minha vida dorme sem dono
não sei quem sou nem o que vou ser
não sei o que quero nem o que vou querer
luto em busca do meu perdido amanhecer
busco a luta que me faz crescer
quero a paz e um momento de amplidão
quero você o amor o prazer o fogo o chão
by cláudio bettega, em 09/10.09.2005
minha vida dorme sem dono
não sei quem sou nem o que vou ser
não sei o que quero nem o que vou querer
luto em busca do meu perdido amanhecer
busco a luta que me faz crescer
quero a paz e um momento de amplidão
quero você o amor o prazer o fogo o chão
by cláudio bettega, em 09/10.09.2005
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Folhinhas de calendário perdem-se
pelo tempo:
rasgam-se dias, meses, anos
e a história prossegue obtusa.
Testam-se bombas nucleares aqui,
invadem-se países ali,
morre-se de fome acolá...
A ampulheta não perdoa,
os corruptos não perdoam,
a corrosão não perdoa.
A bandeira jovem do ideal
é vista com sarcasmo
pelo “maduro” chefe do esquema,
esperto em seu estratagema
marginal
que abole a força
da filosofia e
da poesia.
Governar é garantir a si e aos seus
a melhor parte
pelo malandro escuso
cheio de arte.
Pelas veredas
os homens se desencontram,
a vida se desapercebe,
a esperança se desengana...
by cláudio bettega, em 04.06.2009
pelo tempo:
rasgam-se dias, meses, anos
e a história prossegue obtusa.
Testam-se bombas nucleares aqui,
invadem-se países ali,
morre-se de fome acolá...
A ampulheta não perdoa,
os corruptos não perdoam,
a corrosão não perdoa.
A bandeira jovem do ideal
é vista com sarcasmo
pelo “maduro” chefe do esquema,
esperto em seu estratagema
marginal
que abole a força
da filosofia e
da poesia.
Governar é garantir a si e aos seus
a melhor parte
pelo malandro escuso
cheio de arte.
Pelas veredas
os homens se desencontram,
a vida se desapercebe,
a esperança se desengana...
by cláudio bettega, em 04.06.2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
tentativa sonética
Sinto-te tão bela neste momento só nosso
Que não sei se me fazer também lindo posso
Quero sim te proporcionar alegria e prazer
Quero sim que me leves ao mais profundo viver
O amor nos é caro, a tristeza algo raro
O inebriante fulgor nos toca a pele
O cheiro da nossa paixão domina o ambiente
Não há nada de mal que nos interpele
Somos agora um, fundidos no sentimento
Que prova o nosso mais real contentamento
Ah, como te amo, ah como que quero
Tanto devoto-me a ti que extasiado berro
A maior graça que tenho na vida
Que é tua eterna e fiel acolhida
by cláudio bettega, em 28.12.2007
Que não sei se me fazer também lindo posso
Quero sim te proporcionar alegria e prazer
Quero sim que me leves ao mais profundo viver
O amor nos é caro, a tristeza algo raro
O inebriante fulgor nos toca a pele
O cheiro da nossa paixão domina o ambiente
Não há nada de mal que nos interpele
Somos agora um, fundidos no sentimento
Que prova o nosso mais real contentamento
Ah, como te amo, ah como que quero
Tanto devoto-me a ti que extasiado berro
A maior graça que tenho na vida
Que é tua eterna e fiel acolhida
by cláudio bettega, em 28.12.2007
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