domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Patafísica
A patafísica é a ciência das soluções imaginárias criada pelo dramaturgo francês Alfred Jarry, escritor, morto em 1907, autor de obras como "Ubu Rei" e "Dr Faustroll".A patafísica teria por missão explorar os campos negligenciados pela física e metafísica - para esta "ciência" só o absurdo tem espaço, o que torna premente buscar o absurdo do absurdo. Segundo Jarry, a 'patafísica estaria para a metafísica como esta para a física ordinária'. O grupo original de patafísicos reunia o barão Mollet (amigo de Jarry e de Guillaume Apollinaire), Michel Leiris, Eugène Ionesco, Pascal Pia e Jacques Prévert.Micro biografia de Alfred JarryEntre 1885 e 1888 ele já compõe comédias em verso e em prosa. Inspirado no sr. Hébert, seu professor de física e a encarnação de "todo o grotesco que existe no mundo", Jarry escreve uma comédia, Les Polonais, a versão mais antiga do Ubu rei.Em 1891-1892 ele é aluno de Bergson.Em 1894 apresenta Ubu rei na casa do casal Alfred (diretor do Mercure de France) e Rachilde Valette. A peça é considerada a primeira obra do teatro do absurdo, além de ser uma influência incontestável ao surrealismo, ao dadaísmo e a outras vanguardas artísticas do século XX. Vale lembrar que o teatro fundado por Artaud (juntamente a Roger Vitrac, após a expulsão deles, em 1926, do grupo de Breton, por ocasião da adesão do movimento surrealista ao Partido Comunista) se chama Teatro Alfred Jarry.Em 10 de Dezembro de 1896 ocorre a tumultuada estréia de Ubu rei. As montagens das peças de Jarry se seguem, seguindo o fio dos ciclos de Ubu.Em 1896 ele compra uma bicicleta (novidade na época). Em vão o vendedor tenta fazer com que Jarry o pague.Escreve uma obra curiosa, Gestes et opinions du docteur Faustroll, pataphysicien, publicada postumamente, na qual expõe a patafísica
A bicicleta patafísica
A bicicleta patafísica
Que país! Há depravados que cheiram o selim da Bicicleta Patafísica (BP).
A BP não acreditou na metempsicose, nem no tempo em que ela era crocodilo.
A BP não roda para salvar o universo nem para curar os humanos.
A BP (mesmo que analisemos os paradoxos de Zenão) não gosta de camembert ao molho de Chanel nº 5.
A BP dança sem sapatilhas sobre o lago dos cisnes.
A BP, quando se cansa de correr, vira poste de luz.
A BP não pára quieta em cima de um balanço.
A BP pode ganhar o Tour de France, mas sempre recusou o Pulitzer.
A BP desliza na superfície do mar, incapaz de mergulhos submarinos.
A falsa BP é imediatamente desmascarada quando joga xadrez.
Mas como é que fomos cair nessa de mumificar os faraós sem as suas BPs?
Entre BPs, nem violação nem estupro.
Quantas coisas aprende o sexólogo quando fala de sexo à BP.
A BP contactou a tuberculose, se bem que ela não almoça com a dama das camélias nem toma chá com Chopin.
A BP para cuidar dos pulmões fuma cigarros antibióticos.
A BP é tão filósofa que a gente de seu país a recebe de costas, salvo os contorcionistas.
A BP, ao contemplar as formigas, tão matinais e diligentes, se recorda com nostalgia das de seu país, que acordam às 11 horas, mas atrasadas.
A BP é um monge trapista loquaz do silêncio falado, longe de Wittgenstein (µº & º {º}).A BP, em seu país, teria sido um bufão como os outros; no exílio, ela é rainha sem bufões mas com deuses dançarinos.
Se Freud tivesse conhecido a BP ele nos teria poupado o divã.
A BP sonha correr com as estrelas nas estrelas.
A BP deu à luz gêmeos num tricíclo.
A BP, que não crê na gravitação, se esborrachou.
A BP não traz nenhuma mensagem.
Ela deixa esta tarefa subalterna às outras bicicletas e aos servidores.
A BP espalha suas benfeitorias graças ao cocô de cavalo que ela defeca.
A BP não monta mais rápido nem com duas rodas a mais.
A BP lésbica chama atenção, mas não a azul.
A BP faz bem de não ter filhos. Ela os esqueceria sobre o guidão quando precisasse correr na Atlântida.
Malditos eutanasistas! A velha BP teme que o mecânico não venha consertá-la, mas enviá-la à caça.
Se a BP não existisse ela não seria menos admirada por seu "pedalador".
A BP, graças à sua reputação anti-nacionalista sem fronteiras, evita fingir patriotismo aquém de suas fronteiras.
Quando a BP se exilou, muitas pessoas e coisas morreram. Meio século depois, começamos a enterrá-las.
A BP tem uma tal consciência revolucionária que ela não sabe se deve fazer greve de fome ou de caviar.
A BP ciumenta pode se casar com um triciclo fiel. Mas sem emoção.
A BP faz desenhos pornôs em braile com legendas em volapük para velocípedes cegos.
A BP organizou um congresso sobre a memória. Convidada de honra: a bicicleta-em-pânico.
(Fernando Arrabal - Tradução de Arnaldo Block)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Desligo-me do real, busco agora o que há de fantasia no mais recôndito compartimento mental. Quero a alegoria, quero a alegria, quero a não-dor a todo custo, quero esquecer o passado torpe. Penso num gesto teatral, numa performance de movimentos e palavras em língua estranha - isso, o estranhamento, o absurdo, a desconstrução. Criar o não descritível, criar o total inaudito, criar o que pode ser feito a partir do nada, ou apenas a partir de mim mesmo, mas sem referências prévias. Criar o que o corpo e o espírito determinam. A essência do ser em busca do movimento único, que só ele pode determinar, que só o seu eu pode determinar. O indivíduo na esfera do nascimento da ação, do nascimento da inédita encenação. Fortes ou opacos, os movimentos nascem e querem cor e brandura, querem equilíbrio na sua desenvoltura. Força teatral, força da arte em estado total, anêmicos ventos de derrota se foram, vivem agora apenas flores e gestos que apaixonam.
Assinar:
Postagens (Atom)