quarta-feira, 25 de março de 2009

Normalidade é uma ilusão imbecil e estéril
(Oscar Wilde)

domingo, 22 de março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

Meu querido amigo jornalista e ator Diogo Cavazotti assina hoje matéria na "Folha de Londrina" que versa sobre blogs, e cita o "Cláudio Bettega em Cena", inclusive colocando trecho de um poema que consta na página. Valeu Diogo, valeu "Folha de Londrina"!!!!!

domingo, 8 de março de 2009

Texto do Otávio

Quando entrei no Pé no Palco, uma das cenas que mais me fortaleceram a vontade agora eterna de fazer teatro, foi a do Otávio Linhares com a Sol Faganello, ambos interpretando o texto abaixo. Otávio é um grande ator, e como vemos, escritor-poeta.



Teatro: espaço de realizações. Realizar: perceber. Conceber a idéia de que há algo mais dentro de um mesmo espaço, de um ambiente, seja ele, físico, mental ou sentimental.
Lugar para percepção de idéias, de sentimentos, de fisicalidades.
Lugar para a recepção de idéias, de sentimentos, de fisicalidades.
Espaço para o simples jogo dialético do aprender e do ensinar. Espaço para viver.
Não há mais lugares para viver. Não há mais lugares para sentir.
O ser humano não sabe mais ser, humano.
Todo olhar se desvia; toda mão se fecha. Os corpos não mais se tocam!
Há um afastamento, um distanciamento, um alienamento das idéias, dos sentimentos, das fisicalidades.
Sinto uma necessidade, quase sonífera, de deixar o movimento embriagante de viver passar através do tempo.
O sonho, muitas vezes, nos transporta a lugares onde não existem dúvidas e, a embriaguez, constrói idéias e sentimentos que nos transportam da realidade física para o plano dos sonhos.
O encontro entre o sonho e o real é o lugar para onde viajam as imaginações, o sentir, o ser.
Costumou-se chamar este lugar de palco da vida; local das representações; espaço onde o homem encontra o homem para ser homem; antro de orgias.
Abreviou-se, simplesmente: Teatro.
Neste pequeno recinto a céu aberto, ou não; perambulante, ou não; com ou sem cenário, figurino ou música, há a evasão do tempo. Deixa-se de lado uma das maiores “conquistas” do homem: a construção do tempo. O tempo, em si, não existe. O homem o criou para poder se domar, para regrar o espaço, para tornar-se presa de si e não poder mais viver o mundo pelo mundo, mas, pelo tempo.
Nesta pequena ágora, atravessamos o espaço físico experimentando sensações, inventando formas de comunicação acientíficas e descobrindo, cada qual ao seu jeito, a humanidade a tanto perdida pelas civilizações.
Esqueça por um breve momento a teoria e a ciência, os teóricos e os cientistas, a positividade da vida moderna, e olhe para o chão onde pisa o ator. Sinta o cheiro deste lugar. Feche os olhos por um pequeno instante e veja aonde nos leva o prazer e o êxtase de pisar este solo sacro para os antigos e cultuado pelos novos.

Teatro: racionalidade e sentimento num mesmo espaço; controle e descontrole de emoções e abstração; psiquè e corpo em perfeita harmonia. Simples brincadeira. Lúdico e cúmplice; amante e amado; fogo e água; a demanda e a espera; o Diabo e cruz. Ator e platéia.
Daqui, cruzo olhar com inúmeros pares de sonhos e vejo a grande necessidade que brota de dentro do indivíduo de sentir melhor o mundo a sua volta, de não ter vergonha, de romper valores e limites, de não se limitar à vida.
Eu aprendi que o Teatro é a melhor representação da não-animalidade urbana do homem, ou seja, da sua animalidade natural, placentária, desprovida de quaisquer valores morais e éticos limítrofes que impeçam o seu desenvolvimento natural, enquanto tal.
Estar no palco é dar vida a crianças adormecidas.
Criança não vê em preto e branco, bidimensional, unilateral. Enxerga grande e gordo o mundo. Colorido.
Chuta poça d`água em dia de sol.
Na ponta do pé pula pra pegar o céu.
Guarda o infinito numa caixa de música, fecha os olhos e é... Criança / Teatro.
Acabado o espetáculo levamos para casa um pouco de cada coisa vista, ouvida e sentida, mas, também, deixamos sentimentos no ator que jogou com o público e ele, certamente, mudará a si próprio dentro do camarim retirando a maquiagem e voltando a ser, humano.
Neste palco muitos pés cresceram; neste palco muitas lágrimas secaram – de ator e de platéia; neste palco o Teatro foi apresentado a muitos pela primeira vez; neste palco muitos fincaram raízes para serem brasileiros; neste palco, vieram e foram; neste palco, prazer e dor; neste palco, desejo de terra e céu; neste palco, pé; neste pé, no palco.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ser poeta não é ser um bêbado
de alma desajustada
Ser poeta não é ser um perdido
caído na calçada
Descubro a cada dia
que minha poesia
anda muito vazia
as rimas se repetem
os sentimentos são puro eu
um eu oprimido destituído
de qualquer mar hebreu
Minhas parcas leituras
não mais me preenchem
preciso pesquisar
experimentar
aprender
subverter
ler palavras, prosas, poemas
em quantidade mais industrial
pra depois produzir
algo um pouco mais especial
Derramar lamentos
bater a cabeça no muro
não me leva a nada
não me integra no mundo
batucar teclas incontinenti
rabiscar folhas
como único modus vivendi
nada disso inova
se não houver nova moda
Como já disse uma vez
minha vida se desfez
e minha sina
é merda de rima
mas a rima está vendida
a um marasmo escroto
que beira o esgoto
se não houver maturação
labuta
amplidão
nunca poderá haver saída
da eterna lamentação
Aqui mais um poema chato
de um poeta (?) barato
que busca na poesia
a força
a magia
mas que precisa ser mais sensato
pra dobrar uma nova esquina



by cláudio bettega, em 06.03.2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

está aí o festival
vamos matar a pau
sonho perpétuo
ato no pedaço
luz vinda do espaço
ator engajado
público encantado
emoção no coração
peito, olhos, pulmão
memória afetiva
senso, luta, saliva
vamos sonhar bem alto
com nossos pés no palco.



by cláudio bettega - março/2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

“Por Trás Todo Mundo é Igual - Fringe”

DIAS 20,21,23 e24 de MARÇO
SEXTA, SÁBADO, SEGUNDA E TERÇA
PÉ NO PALCO
Rua CONSELHEIRO DANTAS, 20
R$ 30,00 INTEIRA
R$ 15,00 MEIA



Os mitos greco-romanos e suas histórias permeiam há muito o imaginário do ser humano. Até mesmo Sigmund Freud utilizou-se de alguns deles para nominar em seus estudos determinados comportamentos de nossa mente. Pensando nisto, o grupo de teatro TODOMUNDONU trouxe alguns desses mitos para o Pé no Palco durante a temporada 2008 da escola, com a direção e supervisão de Alexandre Bonin, e foi uma das peças mais aplaudidas, com lotação máxima em todos os espetáculos (20 pessoas por apresentação). Foram destacados dez mitos de acordo com a criatividade dos atores, que tiveram liberdade para formularem suas cenas. O objetivo foi redimensionar a característica do mito para a existência contemporânea e diária do homem – cada ator pesquisou ao extremo seu mito, tentando avaliar como seria de fato uma figura mítica se comportando como um ser “normal”.Agora a o grupo parte para a mostra Fringe do Festival de Curitiba – 2009, carregando na bagagem a experiência de quem já tem três anos de vida e quase todos os seus integrantes profissionalizados, tendo também, inclusive, participado do festival em 2008 com montagem baseada na obra de João Gilberto Noll.



“O TEATRO É MEU PASTOR, A ARTE NÃO ME FALTARÁ”
cláudio bettega


"A única razão para o sucesso da vida na Terra é sua maleabilidade, ou seja, a sua capacidade inerente de se redefinir. Reinventar é uma necessidade humana e está diretamente ligada com a preservação da espécie. Reinventar o mundo através do teatro nos livra da mesmice, da padronização, do mundo estagnado. A vida é essencialmente resultado da criatividade anárquica com o desejo de harmonia."
fátima ortiz


"nEm A lOuCuRa Do AmOr / Da MaCoNhA dO pÓ / dO tAbAcO e Do ÁlCoOl / VaLe A lOuCuRa Do AtOr / QuAnDo AbRe-Se Em FlOr / SoB aS lUzEs Do PaLcO"
caetano veloso

Cascas do meu solo desprendem-se
do meu pé
enquanto escalo muro alheio
na busca de um amor,
um devaneio
Caio na tentativa, ferido pelos
cacos de vidro da proteção do mundo diverso
Volto a ficar imerso
na solidão do meu território
eterno, nada transitório
Pertenço ao mundo dos sós
sem conseguir desatar meus nós
Inundo-me nas minhas próprias lágrimas
e fico a escrever as páginas
dos poemas sem razão
sem senso
sem direção
Sou um nada otário perdido a esmo
não consigo nem ser eu mesmo


by cláudio bettega, em 16.10.2006

segunda-feira, 2 de março de 2009

Poema da querida amiga Sílvia Zyla


Eis o que se anunciou:
Em meio a devoluções
Devolva minhas lágrimas.

Escrevi ontem, noite mal dormida
evidências de um fim.

Flores já quase sem cor
o aquário vazio
devolva-me as chaves.

Lágrima doce
saudades de ti
amor tão intenso.

Quantas palavras
língua maldita
aquece-me o tempo.

Procuro a saída
direita esquerda
seta alada.

Trancado em um lenço
silêncio de mártir
quase me esqueço
a senha do medo.

Manhã de setembro
gosto de café
sonhos tremendo
inverno sem frio.

Mentira morna
desespero faz eco
lugar sem espaço.

Roupa de pregos
como deslizar na areia
calçadas de mágoa.

Voltar à mesma rua
de olhos fechados
pisando nos mesmos degrais.

Sono desperto
quem me chama
despertador calado.

Campos de vozes
consciência surda
tortura cega.

Como secar os olhos
debaixo da chuva
observador disperso.

Olhos que gritam
um dia roucos
abraços de hortelã.

Cansado
tango sem par
cai a última flor...